Refrigerante e pedras nos rins: quais os perigos e os sintomas da doença
Urologista explica os malefícios da bebida e quais são as pessoas mais propensas a ter pedras no rins
Por Administrador
Publicado em 14/05/2025 11:46
Geral
Consumo de refrigerantes aumenta em 33% o risco de formação de cálculos urinários | Foto: Gary Zhang / Unsplash / CP

Recentemente, um vídeo viralizou nas redes sociais mostrando um caso impressionante: um paciente que consumia de dois a três litros de refrigerante por dia precisou passar por cirurgia para remover 35 pedras da bexiga. A cena chocante expôs não apenas a gravidade da situação, mas também a urgência de repensarmos o consumo dessas bebidas aparentemente inofensivas.

Para o urologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), Alexandre Sallum Bull, o caso é emblemático e serve de alerta para todos que ainda acreditam que tomar refrigerante “só de vez em quando” não faz mal.

“Refrigerante é uma das bebidas mais agressivas para o sistema urinário. Ele altera o pH da urina, estimula a perda de minerais pelos rins, favorece a cristalização de substâncias como cálcio, fosfato e oxalato — e isso, com o tempo, vira pedra. E pedra vira dor, infecção e, nos casos mais graves, cirurgia.”

O que há de tão perigoso no refrigerante?

Por trás do sabor adocicado e da sensação refrescante, o refrigerante esconde um coquetel de substâncias prejudiciais ao trato urinário. Veja algumas delas:

Ácido fosfórico: Presente especialmente nos refrigerantes à base de cola, altera o equilíbrio ácido-base da urina e aumenta a excreção de cálcio pelos rins, um dos principais componentes das pedras.

Açúcar em excesso: Altas doses de glicose afetam o metabolismo do cálcio e podem aumentar a produção de urina rica em minerais cristalizáveis.

Cafeína: Presente em muitos refrigerantes, tem efeito diurético leve, que pode aumentar a desidratação, reduzindo o volume urinário e favorecendo a concentração de sais na urina.

E isso sem mencionar os refrigerantes zero ou diet, que embora não contenham açúcar, mantêm o ácido fosfórico e adoçantes artificiais, também suspeitos de afetarem a microbiota intestinal e o metabolismo renal.

O caminho até a formação das pedras

Nos rins, substâncias como cálcio, oxalato e ácido úrico são naturalmente excretadas pela urina. Quando estão em equilíbrio e diluídas, tudo funciona bem. Mas quando a concentração aumenta e a urina está mais ácida ou em menor volume, esses cristais se aglomeram e nascem os temidos cálculos renais.

“Beber refrigerante em excesso é como despejar ácido sobre um sistema que deveria ser equilibrado. Com o tempo, os rins reagem da única forma que sabem: formando pedras para tentar conter o excesso de toxinas e sais,” explica Alexandre Sallum.

Sintomas de quem está formando pedras nos rins

A formação de cálculos pode ser silenciosa no início, mas conforme as pedras crescem ou se movimentam, os sintomas aparecem e costumam ser intensos:

Dor lombar forte, em cólica, que pode irradiar para a virilha;

Urina com sangue ou turva;

Urgência urinária e sensação de bexiga cheia;

Náuseas e vômitos;

Infecções urinárias recorrentes.

No caso do paciente que viralizou, as pedras não estavam nos rins, mas acumularam-se na bexiga, gerando um quadro raro, mas grave, que exigiu cirurgia aberta.

Quem consome refrigerante está mais propenso a ter pedras?

Estudos mostram que o consumo frequente de refrigerantes está associado a um aumento de até 33% no risco de formação de cálculos urinários. E o risco é ainda maior em pessoas que:

Têm histórico familiar de pedra nos rins;

Bebem pouca água;

Têm dietas ricas em sódio, proteínas animais e alimentos industrializados;

São sedentárias ou com sobrepeso.

Prevenção: o que realmente funciona

A boa notícia é que formar pedra nos rins não é inevitável. Com cuidados simples e consistentes, é possível prevenir o problema, mesmo em pessoas predispostas.

Beba bastante água

Manter-se hidratado é a forma mais eficaz de diluir a urina e impedir a formação de cristais. A meta? Pelo menos 2 a 2,5 litros de água por dia, ou até mais se o clima estiver quente ou você praticar atividades físicas.

Evite refrigerantes e bebidas adoçadas

Troque refrigerante por água com limão, chás naturais (sem açúcar), água de coco, kombucha ou sucos naturais.

Reduza o sal e os embutidos

Dietas com excesso de carne vermelha e embutidos aumentam a excreção de ácido úrico, o que também favorece o surgimento de cálculos.

Inclua alimentos protetores

Frutas cítricas, como limão, laranja e acerola, aumentam o citrato urinário, um composto que impede a formação de cristais.

Consulte um urologista

Se você já teve pedra nos rins ou infecções urinárias, vale investigar o tipo de cálculo, os hábitos alimentares e, se necessário, fazer exames para personalizar sua prevenção.

O caso das 35 pedras retiradas da bexiga de um paciente que abusava do refrigerante não é uma história de azar é consequência de um hábito tóxico, mantido por anos, sem escuta nem orientação.

Você não precisa chegar a esse ponto. “Quando você elimina o refrigerante da sua rotina, não está apenas cortando uma bebida calórica. Está fazendo um gesto de respeito com seu corpo, com seus rins e com a sua saúde a longo prazo.”

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