“Pois, ainda em bem pouco tempo, aquele que há de vir virá e não tardará.” (Hebreus 10:37)
Tudo aconteceu inexplicavelmente. Ninguém ouviu uma pregação extraordinária, ou participaram de cultos arrebatadores, ou tocados por uma música emocionante. O fato é que, em todo o mundo, os salvos amanheceram, no último dia do ano, com um sentimento de partida, que o ano que iniciava era, na verdade, a última aparição dos salvos na terra. O que aconteceu? O Espírito de Deus selou nos corações, de todos os cristãos verdadeiros, a certeza que estavam partindo deste mundo. Esse sentimento não tinha como tira-lo de dentro do peito ou faze-lo esquecer. Era, simplesmente, a presença santa do Eterno nos seus! Inequivocamente, selados para partir.
Doravante, neste ano da partida, nenhuma nova proposta interessa, nenhum plano ou projeto conquista à atenção dos crentes. Tudo que é passageiro e supérfluo está sem sentido. Não há mais egolatria, pois o básico se tornou extraordinário. Não foi algo profético ou religioso, só algo que, há anos, alimentou a esperança deles: o encontro com o Rei dos reis e Senhor dos senhores. Ninguém saiu às ruas ou frequentou algum templo na virada do ano, pois, para os corações selados, a ideia de devoção, só faz sentido na eternidade. Eles se tornaram o próprio culto a Deus nos dias que se seguiram. O foco estava na evidência que, a qualquer momento, partiriam deixando para trás filhos, amigos, cônjuges e parentes. Um misto de despedida e expectativa tomou o imaginário peregrino dos salvos em Cristo. Inacreditavelmente, voltando para casa do Pai. O ano de despedida deste mundo, para os redimidos, iniciou com a expectativa da chegada ao céu. No ano da transição…
· Houve a certeza de chegada na eternidade a qualquer momento.
· Esta expectativa os livrou das petições infantis e repetitivas em suas orações particulares e caseiras.
· A leitura bíblica, aos olhos dos futuros arrebatados, teve uma hermenêutica fácil, profunda e espiritual como nunca visto.
· O outro, a qualquer momento, estava na agenda de prioridade dos futuros cidadãos do céu.
· Quem era credor, perdoou a dívida do próximo. Quem era devedor, saudou seus débitos até com serviços voluntários.
· Não há mais urgências ou compromissos inadiáveis. Tudo se tornou adiável.
· Casas, carros, roupas ou passeios não mais interessou ou se transformou em preocupação para o crente viajante do tempo.
Para quem estava testemunhando esta mudança de comportamento, qualificou os cristãos de: fundadores de uma nova religião. Essa “nova religião” trouxe uma mensagem diferente, não pregada ou divulgada pelas mídias, apenas um comportamento que revelou quem são os “novos crentes”. Esses novos crentes não falam em prosperidade, bênçãos ou sucesso. A todo tempo, amáveis e desprendidos das coisas materiais e, compartilham o que têm, mesmo quando o pouco é a sua realidade. O mundo pergunta: quem são eles?
· Eles são aqueles que rejeitaram os prazeres fúteis e passageiros deste mundo tenebroso.
· Eles são aqueles que serviram, voluntariamente, o Deus verdadeiro, que é santo em tudo o que faz e amoroso para todos os que O tem.
· Eles são aqueles que pautaram suas vidas na verdade, na pureza de pensamento e na singularidade de atitudes fraternais.
· Eles são os trabalhadores da última hora que não negaram a fé, não venderam os conceitos bíblicos por nenhum prato de lentilha preparado por mundanos.
· Eles são aqueles que carregaram a Cruz, mas também viveram crucificados por ela.
Este ano da transição, trouxe fatos curiosos: os pregadores esquecidos e desconhecidos se calaram. Nesse ano da preparação para o Encontro, não há proclamação do Evangelho. O silêncio é a única mensagem da verdadeira igreja. Por quê? Porquê a porta da salvação se fechou, e o número de salvos foi alcançado. Nesse tempo de vazio escatológico, algumas pessoas se arrependeram de suas condições espirituais e, automaticamente, também, foram selados pelo sentimento de partida prévia.
O novo ano iniciou e, tudo se fez realmente novo: pensamentos, opiniões e conceitos. Os que iam partir, impactavam o mundo, não com palavras, mas como autênticas testemunhas do Cristo. Quando a esperança messiânica dos crentes se renova e a certeza de reencontro com Deus se refaz, tudo se transfora, tudo se modifica como deve ser. Agora, estavam mais preparados e mais perto da chegada deles na eternidade do que quando viveram o ano que se findou. Este é o ano da partida. Prepara-te para encontrares com o teu Deus!